A Transformação das Princesas

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As princesas Disney e outras personagens femininas da produtora passaram por mudanças através das décadas, mas quais mudanças são essas?


(Quase) todas as princesas Disney reunidas em uma só imagem

Desde criança, tive o costume de assistir os clássicos da Disney. Me lembro bem que tinha uma enorme coleção de fitas cassetes, que consistiam em praticamente todas as animações de princesas e contos de fadas existentes até então (Pois é, eu era da geração das fitas cassetes, to me sentindo uma idosa, hehe).
Quando tinha os meus seis, sete anos de idade, minhas princesas preferidas eram moças muito bonitas, comportadas, que tinham uma voz tão bela que atraíam pássaros, esquilos, veados e os mais diversos animais silvestres. Tentava ao máximo me espelhar nessas mulheres (e quando digo ao máximo, é LITERALMENTE ao máximo, tanto que ficava no quintal cantarolando - na esperança de atrair um passarinho em minha mão – e só ouvia um belo PSIU das tias da limpeza). Bom, e quem seriam essas princesas? Branca de Neve, Aurora e Cinderela, obviamente. Ao me tornar pré adolescente, porém, minhas preferências foram mudando um pouquinho. Comecei a gostar de figuras femininas mais rebeldes, questionadoras e, com o perdão da palavra, muito mais divertidas do que as princesas estilo “bela, recatada e do lar” das gerações passadas. Portanto, mulheres como Ariel, Jasmim e Mulan se tornaram uma referência maior para mim (creio eu que, até hoje, essas sejam minhas prediletas).

Como podem ver, meus conceitos evoluíram com o passar do tempo, o mesmo ocorreu com as princesas Disney, mas claro, com algumas diferenças. Eu, no caso, mudei meus conceitos porque cresci e amadureci como pessoa. A Disney precisou mudar o perfil de suas personagens femininas devido a uma demanda social diferenciada, e também, devido a um contexto histórico mais moderno, onde a emancipação feminina se encontra mais amadurecida do que nas décadas anteriores, quando a mesma estava apenas começando.
Dentro desses estereótipos em que as princesas de cada geração se encontram, resolvi dividi-las por categorias (lembrando-os de que sou uma mera mortal que ainda cursa o ensino superior, logo, não leve essas considerações como verdades absolutas e discorde do que achar necessário):


1-) Princesas da primeira geração: As donzelas


Branca de Neve


A frase “Bela, recatada e do lar” se encaixa bem na descrição dessas moças, reproduzidas entre as décadas de 30 à 70. Quem nunca assistiu a Branca de Neve? Deve ter reparado no início do filme, como a moça é delicada, calma, ajeitada (mesmo estando com roupas de lavadeira) e ao mesmo tempo alegre e amada por todos (com exceção da rainha recalcada). O mesmo ocorre com Cinderela, que é paciente (mesmo com as irmãs implicantes a chamando o tempo todo) e canta com uma belíssima voz que ecoa pela casa, em detrimento da poluição sonora emitida por suas irmãs invejosas. E Aurora? Que é tão formosa que faz os próprios animais dançarem com ela (e que dançam muito melhor do que eu, diga-se de passagem).

Essas moças têm muito em comum, possuem a mesma personalidade delicada e bela, o tipo de dama que toda menina já sonhou em ser (inclusive eu, que fracassei miseravelmente nesse quesito). Se repararem bem, inclusive as mesmas possuem características físicas semelhantes: São extremamente brancas, magras, altas, de rosto corado e são constantemente sorridentes, possuindo até mesmo gestos corporais muito próximos. Além disso, sempre são vistas realizando trabalhos domésticos de forma impecável (feminismo pra que, não é mesmo?) Outra coisa bem importante a ser reparada é que invariavelmente essas moças são invejadas por madrastas, bruxas ou outras jovens mais “feias”, que costumam ser as vilãs da história e fazem de um tudo para arruinar as vidas das coitadas (o que para mim não deixa de ser outro esteriótipo machista que reforça padrões de beleza e a rivalidade entre as mulheres).

Costumam ser as princesas preferidas das meninas de cinco a oito anos de idade.




2-) Princesas da segunda geração: As ousadas ou “As filhas do pai” <<<


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Jasmim e seu adorável tigre Rajá


Essas continuam sendo o meu tipo preferido de princesa (até porque me identifico muito com suas personalidades). É o caso de Ariel, Bela, Jasmim, Pocahontas e Mulan. Todas elas têm pontos em comum: A rebeldia e a arte de contestar muita coisa ao seu redor.

Ariel, a pequena sereia, por exemplo, é uma adolescente de 16 anos, que costuma não ter a pontualidade em eventos que seu pai, o rei Tritão, deseja e, diferentemente de quase todos ao seu redor, não crê que todos os seres humanos sejam ruins e inclusive se apaixona por um, fazendo de um tudo para consegui-lo. Bela, de A Bela e a Fera, por outro lado, não costuma desobedecer o pai como faz Ariel, porém, é uma moça diferenciada da grande maioria de sua vila, e prefere ler livros e ajudar o pai em suas invenções do que se casar com Gaston, o homem mais cobiçado entre as jovens do local, o que não deixa de ser uma rebeldia. Jasmim, de Aladin, é uma jovem princesa árabe que rejeita grande parte dos pretendentes a marido escolhidos por seu pai, o sultão, e inclusive, tenta fugir do palácio para não ser obrigada a não se casar com quem não ama, é aí que conhece Aladin, um jovem extremamente pobre e espirituoso, por quem se apaixona. Já Pocahontas, uma princesa indígena, é extremamente curiosa e sonhadora, e não deseja se casar com Kocoum, um guerreiro da tribo que seu pai, o cacique, recomenda para ela, e acaba se apaixonando por John Smith, um explorador britânico. Por último, Mulan, uma jovem chinesa pertencente ao antigo império chinês, é uma moça desastrada e distraída, que não possui a postura aprovada pela casamenteira de seu vilarejo e, num ato de coragem, decide ir à guerra contra os hunos no lugar de seu pai, um ex-guerreiro velho e doente, para salvar sua vida.

Pois bem, diferentemente do que vimos na geração passada, essas princesas da segunda geração possuem uma personalidade bem mais forte e não são tidas como moças perfeitas, uma vez que, além de rebeldes, são desastradas (como é o caso de Mulan), sem pontualidade (como Ariel) e sem popularidade (como Bela, que é tida como a esquisita da vila). Uma característica muito interessante a ser notada é a forte ligação que essas moças possuem com a figura paterna, o que não era visto na primeira geração; Todas elas (com exceção de Mulan) são órfãs de mãe e suas ligações com os pais são essenciais para o desenvolvimento da história (Bela e Mulan arriscam suas vidas pelos pais e Ariel, Pocahontas e Jasmim são forçadas a desobedecê-los para que a história prossiga).

Seria essa ligação uma espécie de mensagem subliminar? Um sinal de que as mulheres finalmente estariam ganhando espaço em uma sociedade ainda extremamente patriarcal? Bem, pergunte aos Illuminatis, eles devem ter a resposta.



3-) Princesas de uma suposta terceira geração: As auto-suficientes.


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Elsa, do Filme “Frozen, uma aventura congelante”


Recentemente, uma outra geração de princesas está por vir, e, por ser algo ainda muito recente (de no máximo cinco anos pra cá), essas não possuem características e personalidades tão definidas quanto as das gerações anteriores. As duas princesas que escolhi para citar são Mérida (de Valente) e Elsa (de Frozen, uma aventura congelante).

Mérida é uma princesa celta, que critica intensamente a postura que precisa manter para ser uma princesa, que sua mãe, a rainha Elinor, tenta impor a ela, como andar arrumada e se casar. Já Elsa, é uma princesa que nasce com poderes especiais, sendo capaz de congelar coisas e fazer nevar; Após acidentalmente machucar sua irmã mais nova com seus poderes, Elsa se isola em seu quarto durante anos com medo de voltar a machucar Anna (sua irmã) e outras pessoas.


Essas princesas ainda possuem alguns traços da segunda geração (como a rebeldia de Mérida e a impopularidade de Elsa), porém, diferem-se em alguns pontos: Na segunda geração, as princesas possuíam uma grande relação com suas figuras paternas, já na terceira, a mesma é um tanto apagada ou inexiste, e é substituída por uma relação intensa com outras figuras femininas (no caso de Mérida, com sua mãe Elinor, e de Elsa, com Anna) e é o oposto do que acontecia com as princesas da primeira geração, que era a rivalidade entre as mulheres; E também há um ponto importantíssimo: As duas princesas são desprovidas de um par amoroso, que ocorre com todas as outras princesas das gerações anteriores.

OBS: Princesas como Kida, Tiana, Gisele e Rapunzel não foram esquecidas, apenas não consegui encaixá-las muito bem em alguma categoria.




Conclusão: Bom pessoal, o texto chegou ao fim, mas todos podemos ver que a figura das princesas Disney sofreu mudanças substanciais com o passar do tempo. Eu disse ao longo do texto que as princesas da segunda geração eram minhas preferidas, mas estou gostando muito das princesas da geração que ainda está por vir (a terceira), porém, ainda não me cativaram o suficiente por ser algo muito recente (ou seja, ainda não deu tempo de me cativar completamente como as princesas dos anos 80, 90, que foram parte da minha infância).

Vale ressaltar que essas mudanças não ocorreram de forma espontânea, em momento algum disse que a Disney está sendo boazinha, reconhecendo que as mulheres são muito mais do que belas donas de casa e felizes com seus maridos, a Disney está apenas inserida por um contexto social, que exige que essas mudanças sejam feitas para que não haja grandes reclamações e críticas.

E, por último, ainda espero que a geração que esteja por vir seja muito mais inclusiva e inovadora do que as duas primeiras, que quebrem esteriótipos de beleza (que é a princesa magra, alta e majoritariamente branca e europeia) de opção sexual (só princesa hétero não dá né) e outros aspectos que valem ser ressaltados, pois o mundo precisa ser mudado, por que não começar ensinando isso a nossas crianças?


escrito por Adriane

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