Nepal: A Vida dos Refugiados

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Pra quem vive em um país sem conflitos como é o Brasil é até difícil entender o significado da palavra refugiado. Mas para os tibetanos o sentido dessa palavra é bem claro, na verdade essa palavra define grande parte da vida deles. O Tibet é um país que fica entre a China a Índia e o Nepal, cercado pela cordilheira do Himalaia. Embora faça parte dos meus roteiros eu ainda não fui la. Mas quero contar pra vocês como é a vida dos refugiados do Tibet que conheci no Nepal. Em 1950 a China invadiu o Tibet, e daí em diante a vida de muitos tibetanos mudou. Hoje sao 145.000 tibetanos vivendo exilados, 100.000 na Índia, mais de 16.000 no Nepal, ainda existem refugiados no Butão e alguns espalhados pela Europa e Estados Unidos.


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Após a ocupação do Tibet muita gente fugiu para a Índia e para o Nepal, e em Pokhara (cidade nepalesa) tivemos a chance de visitar um grupo de refugiados. Ficamos surpresos ao ver o quão grande é a comunidade de tibetanos na cidade. O acampamento de refugiados na verdade é um grande bairro, com escola, um monastério e cerca de 400 famílias.


Campos de refugiados tibetanos.


A primeira impressão é um bairro normal, com algumas coisas que lembram o Tibet como as bandeirinhas de oração e algumas lojas com produtos tibetanos.

Mesmo tão perto de sua terra natal eles não podem voltar ao Tibet, muitos deles vivem a vida inteira separados da família. Dá pra imaginar estar ao lado de sua casa mas não poder viver nela?

Os tibetanos que vivem no Nepal não podem sair legalmente do país, não possuem documentos de cidadãos tibetanos, ou nepaleses, e sim de refugiados, o que faz com que eles necessariamente tenham que viver naquele país onde estão abrigados. Escutei de um vendedor que vive no Nepal desde criança, e só viu a sua mãe uma vez pessoalmente, depois desse dia só teve contato por telefone, ela não quer deixar o Tibet e ele não pode mais voltar.


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Conhecemos um jovem que trabalha com seu pai vendendo jóias tibetanas na área turística de Pokhara, ele esteve numa marcha que 300 tibetanos fizeram na Índia, eles caminharam durante 3 meses até a fronteira do Tibet e ao chegarem cerca de 10 km da fronteira o que os aguardava era uma fila do exército chinês. O governo indiano então se viu obrigado a parar o movimento a fim de evitar uma tragédia. O mais emocionante foi ouvir dele que mesmo se ele morresse naquele momento, morreria feliz porque estava lutando pela liberdade de seu país.


Família tibetana.


A situação econômica no Nepal também não é muito favorável, o que torna ainda mais difícil a vida dos refugiados. Conheci um simpático senhor que me convidou para conhecer sua casa, cheio de orgulho ele me contou que trabalha para o exército indiano, passa 11 meses na Índia e apenas 1 mês no Nepal junto com sua família. Demorou cerca de 25 anos para conseguir juntar dinheiro para construir sua casa. Com um sorriso no rosto me ofereceu um chá, contou que seus filhos estão tendo dificuldade de conseguir emprego então que ele mesmo com 50 e poucos anos ainda é o único responsável por cuidar da família.


Tibetano.



Os tibetanos que encontrei não pedem mais que o Tibet seja um país totalmente independente da China, eles pedem apenas para ser uma região que tenha sua própria liberdade cultural e religiosa. Existem relatos de que em algumas partes do Tibet não se pode mais falar a língua local e práticas religiosas são reprimidas. Desde 2008, 1400 jovens tibetanos cometeram suicídio por não aguentar a pressão de terem sua cultura reprimida.


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A todos que estão planejando vir ao Nepal não deixem de conversar com essas pessoas e entender como é a vida deles, o que eles passaram e qual é a visão deles sobre esse conflito. Essas pessoas querem ser ouvidas e querem ter o direito de contar a sua história, coisa que não é possível no Tibet.


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Dicas:

É bem fácil chegar lá, basta perguntar por Tibetan refugee camp que todos sabem informar. Saindo da área turística da cidade e ir pra lá de bicicleta é uma boa ideia.

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escrito por Adriane

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