Exposição presta homenagem ao quadrinista José Satoshi Kimura

Capa de post: Exposição presta homenagem ao quadrinista José Satoshi Kimura

No próximo dia 19 tem início em Maringá a exposição “Kimura – a história dentro e fora dos quadrinhos”, integrando o Convite às Artes Visuais. Em cartaz na sala de exposições do Teatro Calil Haddad até o dia 18 de outubro, sempre com entrada gratuita, a exposição recompõe a memória do trabalho do artista maringaense José Satoshi Kimura. 

José Kimura atuou no setor de histórias em quadrinhos na capital paulista entre os anos de 1970 e 1990, passando por estúdios importantes como Mauricio de Sousa Produções, Divisão de Quadrinhos da Editora Abril e Estúdio Ely Barbosa (Gibi Os Trapalhões - Bloch Editores). Devido a problemas de saúde mental, ele teve sua carreira interrompida e não recebeu o devido reconhecimento das gerações seguintes.

Com curadoria do premiado cartunista, ilustrador, caricaturista e quadrinista Bira Dantas, que foi colega de trabalho de Kimura no Estúdio Ely Barbosa, na década de 1970, a mostra reúne 14 quadrinhos de Kimura, restaurados e digitalizados, das páginas impressas dos gibis Disney e Os Trapalhões. As imagens foram ampliadas para o tamanho A3. Um dos objetivos é promover uma homenagem aos artistas que atuavam nesse segmento. 

 

O artista

 

José Satoshi Kimura é um cartunista paranaense, nascido em 25 de julho de 1952. Iniciou sua carreira em São Paulo, na década de 1970, quando foi convidado a trabalhar no suplemento “Folhinha de S. Paulo”, do jornal “Folha de S. Paulo”. Trabalhou também para o consagrado Estúdio Maurício de Souza e na Editora Abril. 

 

Ainda na década de 1970, trabalhou para o Estúdio Ely Barbosa, localizado na zona sul de São Paulo. O estúdio criava animações publicitárias para o Baú do Sílvio Santos, D. D. Drim, coleções de discos infantis e peças teatrais com a Turma do Cacá, programas infantis para TV e gibis em quadrinhos para a Turma do Cacá, Festival Hanna Barbera e Os Trapalhões. 

 

Nessa época, estúdios brasileiros que conseguiam direito de publicação da Disney, por exemplo, poderiam produzir as HQs, contudo, precisavam seguir o chamado “Model Sheet”, uma ficha modelo que especificava proporções e detalhes do rosto e corpo das personagens, de frente, perfil e costas, além da proporção entre personagens da turma. 

 

Assim, para conseguir maior rentabilidade, os estúdios brasileiros utilizavam um sistema que segmentava a produção dos desenhos, de modo a torná-la cada vez mais ágil. Nessas circunstâncias, os artistas se viam obrigados a desenhar em grande quantidade e dentro dos padrões exigidos. 

 

Esse modelo de produção, quase fabril, não permitia que os desenhistas se expressassem, tornando-os uma espécie de operários do ofício de produção de desenhos em quadrinho.  No entanto, alguns desenhistas, mesmo limitados por uma série de regras, conseguiam subverter esse sistema e imprimir sua marca nos desenhos.  

 

Kimura é um cartunista reconhecido por seus pares contemporâneos como um artista talentoso e arrojado. Colegas de trabalho e roteiristas que trabalharam com ele afirmam que eram capazes de reconhecer seus desenhos, pois ele detinha um “estilo revolucionário” de desenhar quadrinhos. 

 

O premiado cartunista, ilustrador, caricaturista e quadrinista Bira Dantas, que foi colega de trabalho de Kimura no Estúdio Ely Barbosa, na década de 1970, afirma que ele dominava perfeitamente o traço a lápis, a arte-final a nanquim e o letreiramento e preferia, quando possível, finalizar todo o processo sozinho.  

 

Segundo Bira Dantas, Kimura era capaz de desenhar, com perfeição, coisas do cotidiano, o que demonstrava o quão observador era. Uma característica marcante de seu trabalho é que, no dizer de Dantas: “Ele sempre colocava uma brincadeira de pano de fundo, um gato miando em cima da mesa, o reboque da parede caído, aparecendo os tijolos, uma minhoca sendo pescada por um rato vestido de Sherlock Holmes, um cego andando com uma bengala à prova de buracos na rua, coisas que lembravam a revista MAD e os desenhos doidos e cheios de detalhes do Sérgio Aragonés. Sinto que todas essas influências apreendidas por Kimura transpiravam em cada quadrinho que ele desenhava e mostravam o quanto ele era erudito em sua formação artística”, comenta o curador. 

 

José Kimura, depois de uma longa luta contra a esquizofrenia e inúmeras internações, faleceu em casa, cercado pela família e aos cuidados da sobrinha Irene, em novembro de 2024. 

 

 

Serviço:

 

Exposição “Kimura: a história dentro e fora dos quadrinhos”

De 19 de setembro a 18 de outubro de 2025, de segunda a sexta das 8h às 21h e aos sábados e domingos das 8h às 18h 

Local: Museu de História e Arte Hélenton Borba Cortes, no Teatro Calil Haddad

Entrada gratuita

Classificação Livre

 

Ficha Técnica:

Produção Executiva: 2 Coelhos Comunicação e Cultura

Artista: José Satoshi Kimura

Curadoria: Bira Dantas

Pesquisa e Texto: Rosangela Kimura

Assessoria de Imprensa: 2 Coelhos Comunicação e Cultura

Redes Sociais: Alanis Okuzono

Expografia: Gustavo Barrionuevo

Montagem: Georgia Kimura, Rosangela Kimura, Rachel Coelho e Gustavo Barrionuevo. 

 

O projeto “CONVITE ÀS ARTES” é uma iniciativa da Prefeitura do Município de Maringá, por meio da Secretaria Municipal de Cultura.

Posts Relacionados

Capa de post: Vestindo Histórias: oficina de figurino com artista renomada chega a Maringá

Vestindo Histórias: oficina de figurino com artista renomada chega a Maringá

por Mari Parma


O evento é gratuito e será conduzido pela figurinista Isbella Brasileiro.

Ler mais
Capa de post: Little B. and the Mojo Brothers lança primeiro single do novo álbum

Little B. and the Mojo Brothers lança primeiro single do novo álbum

por Mari Parma


Música faz parte de “Tropicadélica”, gravado ao vivo no Teatro Barracão, em Maringá

Ler mais
Capa de post: (MAFUÁ!): Mostra do Filme Universitário Amador e Independente anuncia filmes selecionados para o evento

(MAFUÁ!): Mostra do Filme Universitário Amador e Independente anuncia filmes selecionados para o evento

por Mari Parma


Projeto da UEM promove exibição gratuita de curta metragens de estudantes

Ler mais
Capa de post: Inscrições para concurso de fotografia da Câmara Municipal de Maringá estão abertas

Inscrições para concurso de fotografia da Câmara Municipal de Maringá estão abertas

por Alexia Alves


O concurso quer eleger eleger as melhores fotografias que retratarem árvores de Maringá

Ler mais