Seleção Brasileira Master 60+: protagonismo paranaense no basquete feminino
Mais da metade da equipe nacional é formada por atletas do Paraná, que conciliam disciplina e sacrifícios financeiros para manter o esporte vivo.

Atletas paranaenses demonstram protagonismo na Seleção Brasileira de Basquete Feminino Master 60+, onde compõem mais da metade do time. Uma delas é a jornalista maringaense Valdete da Graça. Aos 62 anos, a jogadora é referência no basquete e inspiração para mulheres que desejam praticar esporte, independentemente da idade. A atleta é integrante da Seleção Brasileira Master, categoria 60+, e já participou de torneios nacionais e internacionais em países como México, Suíça, Argentina e Itália. Natural de Santos, a Valdete conta que conheceu o basquete aos 12 anos e, apesar da paixão pelo esporte, enfrentou dificuldades financeiras:
“Quando você é pobre, geralmente não é sócio de clube, não tem acesso a tênis bons, porque o basquete exige calçados específicos. São tênis caros, aquelas botinhas que dão maior estabilidade ao pé. Eu sei que a família, às vezes, fazia das tripas coração para poder comprar um tênis. Hoje, um tênis bom de basquete custa mais de mil reais, mil e quinhentos reais (...).”
A jogadora complementa que, por ser um esporte amador, a questão financeira se torna ainda mais desafiadora:
“O esporte amador, em si, é colocado em segundo plano. O Brasil é 99,9% voltado para o futebol.”
BASQUETE MASTER
Criado na Argentina em 1969, o basquetebol master é hoje um dos maiores movimentos esportivos coletivos para veteranos. O esporte possui diferentes categorias, divididas a cada cinco anos. No masculino, vai da faixa 30+ até 75 anos ou mais; no feminino, de 30+ até 65+. Segundo a FIMBA (Federação Internacional de Master Basquete), o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial, atrás apenas dos Estados Unidos.
NO BRASIL
No Sul-Sudeste do Brasil, o Campeonato Master de Basquete Feminino atingiu sua maior edição em 2025, com 62 equipes participantes (masculinas e femininas), reunindo aproximadamente 640 atletas com idades a partir dos 30 anos até +70. Com mais da metade formada por paranaenses, a Seleção Brasileira Master de Basquete representou o Brasil no O 17.º Campeonato Mundial de Maxibasquetebol da FIMBA, maior evento de basquetebol organizado na Suíça e o maior evento de basquete do mundo.
A equipe teve um projeto aprovado pela Lei de Incentivo ao Esporte e está autorizada a captar até R$930 mil, mas encontra dificuldades para atrair empresas patrocinadoras. Por isso, muitas vezes, as jogadoras precisam economizar ao máximo para custear os campeonatos:
“Cada viagem que a gente faz é muita grana. Você gasta com tênis, mala, roupa, passagem, comida... Normalmente ficamos em Airbnb. Eu cozinho para baratear os custos, compramos comida no mercado, porque, se for só em restaurante ou hotel, o valor é muito maior. Vamos com malas pequenas para não despachar bagagem, dividimos carro, dividimos Airbnb entre quatro ou cinco pessoas... Assim conseguimos viajar”, comenta.
Com uma rotina de treinos disciplinada, Valdete faz academia cinco vezes por semana e treina basquete aos sábados, sempre tomando o máximo de cuidado para evitar lesões. Para o futuro, pretende continuar jogando, vencendo torneios e, sobretudo, se divertindo:
“Claro que, na quadra, você quer ganhar, se esforça ao máximo. Mas, para mim, o principal é a diversão: viajar, passear, reencontrar amigas.”
Por fim, a atleta recomenda que mulheres busquem hábitos mais saudáveis e encontrem esportes com os quais se identifiquem:
“Acho que as mulheres que querem praticar algum esporte deveriam tentar algo que gostem: vôlei, xadrez, ginástica, natação, ciclismo... Mas não fiquem paradas. Academia todo dia, alimentação equilibrada, eliminar cigarro, reduzir bebida. Você pode se divertir, sair, beber um pouco socialmente. Se puder ter plano de saúde, melhor ainda, para acompanhamento médico. O importante é manter a saúde com regras básicas: não fumar, não beber em excesso, dormir bem e treinar sempre. E seja o que Deus quiser.”